janeiro 02, 2012



o último a sobreviver ao caos, será o vencedor, rapaz.
a verdade: para haver uma só, têm que existir todas ao mesmo tempo, todas as visões e dialectos e raças e cheiros e toques e pensamentos e lágrimas e sorrisos e sonhos e medos e ambições e estupidez e conhecimento e inteligência e burrice e gargalhadas e desequilíbrios e meditações e silêncios e cânticos e papéis escrevinhados e sexo e abstinências e quedas e ascensões e esperas e desencontros e histórias e universos paralelos e idas e vindas e fome e guerras e paz e moral e religião e espiritualidade e anarquia e libertação e florescimento e secas e tempestades e bonanças e sonos descansados e insónias e injustiças e justiceiros e mar adentro e vendavais e meteoritos estrelas cadentes e dinossauros e corações partidos e bébés por vir e entretenimento e horas mortas e criação e fantasmas e jazz e relógios e espelhos partidos e aldrabões de serviço ao povo na televisão e jades e dragões e tartarugas a escalar o papel de parede florido da imaginação de uma miúda qualquer e lava na barriga da terra e a sinfonia dos planetas e civilizações que sobrevivem aos imperialismos e mergulhos oceânicos e saudades à portuguesa e azulejos e novidades que se cruzam no acaso e gente que nunca viu um computador e não se importa minimamente e as ninfas na floresta, nos lagos, debaixo das tuas pestanas e gente que rói as unhas, que suspira, que se peida, que pergunta como fará para chegar ao fim do mês e loucos, sãos e vagamundos e sinos que se calam e batatas fritas ou camarão ou puxar cenouras do chão e apanhar laranjas em tempos húmidos e ver romãs a apodrecer e passarinhos que se parecem com brinquedos de corda e olhos de sono e pijamas vermelhos e buracos negros e pantufas às riscas e palminhas e poeira galáctica no sangue dos veados e corças da imaginação e pianos e as horas iguais aos minutos quando se olha para lá e não saber mais que ainda há mais e que isto está vivo a cada batimento cardíaco do coração de cada um de nós.

e que te amo.