março 29, 2013

(Toulouse - Lautrec)


a sonolência partilhada.
mais do que a carne.
o respirar.

a falta.
sente-se.  



março 04, 2013




no quarto estende-se uma linha de roupa pendurada.
as caixas foram cobertas com tecidos, tweed e um floral.
as pinturas e desenhos colaram-se na parede.
os cristais e pedras estão colocados nos sítios certos.
assim como os livros, cadernos e mantas.
uma caneca laranja com restos de chá de limão a meu lado.
o batimento cardíaco mal se ouve.
o fumo inunda o espaço exterior. avermelhado de nuvens em fogo.
a luz é branca no interior e desfoca a visão da parede.
a lâmpada do candeeiro de cabeceira fundiu-se.
o trabalho acumula-se sob o estirador e sob a cabeça.
a probreza de trocos fura-me os bolsos.
despenteio o cabelo crescente.
sufoco as mãos solitárias. uma na outra.
pesa-me no peito o vazio do lado de lá.
nenhuma resposta vinda da vida estrangeira que abandonei quando decidi vir.
tenho insónias fodidas e os horários trocados.
ainda assim procura-se o sorriso e bolachas de aveia ou maçãs.
o sol virá novamente.
o vento nada mais é que o barulho na copa das árvores.

sonhei contigo.
depois foi como disseste um dia.
acordei assim "aos pedaços"

sem saber se será tarde para me redimir da fenda de onde o amor brota
e que não quero fechar.