março 01, 2012

deixai cair as mãos, nas palavras tacteadas.
ergo os olhos para os nadas e debaixo do toldo do fumo de um cigarro ocasional, vicio fútil e social, o nevoeiro nada mais é do que esta barreira gasosa a ser trespassada. A real questão do problema, prende-se com a luz. essa mesmo, que emana do ser flamejante e em vida, dentro do cárcere do corpo e das ideias que não nos brotam, da música que não cantamos, do respirar apagado, do coração enfraquecido por cada estopada de boas intenções. arranquei-me a mim própria a ferros de um incêndio na cabeça e pediram-me para enlouquecer sendo pouco louca, para me conformar com valores que creio que nunca serão os meus sem acordo prévio, atestado de incapacidade social por esquecimento de outroras e meia dúzia de banalidades sacudidas para um bicho apático.
perdoai-me senhores, os céus são belos e o vento ainda me dança nos cabelos, perdoai-me senhores, ainda sinto. perdoai-me, se tenho que o transformar em tristeza em prol de uma ira que não sei controlar de outra forma. 1º processo transformacional para o que se segue. depois sair em palavras e não saber quais são e repetir ou ficar em silêncio. nunca o fingimento. ainda sonho e sei e tenho-o. e entretenho-me na fantasia incicatrizável ou absurda, surreal e mesmo abstracta nos momentos solitários, mesmo não sendo transponíveis.
diz-se talvez, então. e a hora a que se agarram os trabalhadores e patrões, passa. e vagabundeio no dia, sendo, apenas.
não me põe comida na mesa, não me dá tecto próprio, nem direito a opinião, dizem.
olho para as mãos, novamente, endireito a espinha dorsal e sinto um clarão rápido no peito.
saio do sufoco e vejo, tudo desconhecido.
e o peito em relâmpagos que me atiram para passos por dar.